Enuma Elish: O relato babilônico da “Criação”

enuma-elishEm 1845, AH Layard, um arqueólogo inglês, descobriu a biblioteca do rei assírio Assurbanípal entre as ruínas da antiga Nínive. Foram encontrados cerca de 26.000 fragmentos de tabletes de argila, o que representa cerca de 10.000 textos diferentes.

Entre estes tabletes estava um relato da “criação” babilônica, escrito em escrita cuneiforme acadiana. Publicado em 1876 por George Adam Smith, do Museu Britânico, a narrativa é conhecida como Enuma Elish (a partir das duas primeiras palavras, que significam “quando acima” ou “quando no alto”. As datas remontam a cerca de 1800 a.C.

Uma das coisas mais impressionantes sobre o registro babilônico é o fato de que ele foi inscrito em sete tabletes. Muitos estudiosos acreditam que isso reflete uma crença primitiva que a atividade de criação ocorreu durante a primeira semana de sete dias. Além disso, existem algumas semelhanças surpreendentes entre o registro do mosaico e Enuma Elish.

Por exemplo, os dois relatos descrevem um momento em que a terra era sem forma e vazia. Ambos sugerem que a ordem veio de sair deste estado sem forma. Ambos os registros falam da criação da lua, as estrelas, a vida das plantas, dos animais e do homem. Em Gênesis, o homem foi criado no sexto dia; no Enuma Elish, a origem do homem é registrada no sexto tablete.

Além disso, existe uma ordem cronológica comum em ambos os relatos. Ambas as narrativas têm a seguinte ordem (cf. Pfeiffer, 1966, 224):

  1. Matéria primitiva não organizada
  2. Surgimento da luz
  3. Criação do firmamento
  4. Aparecimento de terra seca
  5. Criação de luminários
  6. Criação do homem
  7. Repouso da divindade

De maneira característica, modernistas religiosos alegam que o(s) escritor(es) bíblico(s) emprestou do registro babilônico. Mas os mais abalizados estudos acadêmicos demonstraram que essa ideia é falaciosa. Relatos mais simples (por exemplo, o registro de Gênesis) podem dar origem a versões mais adornadas, mas o inverso não é o caso (Kitchen, 1966, 89).

No Supplément au Dictionnaire de la Bible, o orientalista francês Joseph Plessis escreveu: “Não parece que o legislador hebreu tenha feito uso dos diversos códigos de Babilônia e Assíria. Nada na sua obra pode ser provado como tendo sido apropriado. Embora haja similaridades interessantes, elas não são tais que não possam ser facilmente explicadas pela codificação de costumes compartilhados por pessoas da mesma origem.”

DJ Wiseman, professor de assiriologia na Universidade de Londres, sugere que os paralelismos entre as narrativas podem ser melhor explicados na base de que ambos sugerem fatos de criação primários, enquanto o registro da Bíblia reflete uma “dignidade sem paralelo em qualquer outra relato” (1958, 8).

Para ler mais, veja Brantley (77ff).

REFERÊNCIAS

  • Brantley, Garry. 1995. Digging For Answers. Montgomery, AL: Apologetics Press.
  • Kitchen, Kenneth. 1966. Ancient Orient and Old Testament. London: Tyndale Press.
  • Pfeiffer, Charles. 1966. The Biblical World. Grand Rapids, MI: Baker.
  • Wiseman, D. J. 1958. Illustrations From Biblical Archaeology. Grand Rapids, MI: Eerdmans.

Fonte: https://www.christiancourier.com/articles/667-enuma-elish-a-babylonian-creation-account
Tradução: Emerson de Oliveira

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