Desmentindo imagens antirreligiosas preconceituosas: a religião que apaga o progresso

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Mais uma imagem difama as religiões em geral no Facebook. Assim como todas as demais imagens já comentadas por aqui, essa também incide na falácia de inversão do acidente segundo a qual toda e qualquer religião e vertente religiosa implica necessariamente fundamentalismo, fanatismo, obscurantismo e obstrução das ciências. Cria-se a falaciosa linha de raciocínio, também marcada pela falácia non sequitur: “O fundamentalismo de algumas denominações cristãs e islâmicas tenta atrapalhar o progresso da ciência, logo todas as religiões são fundamentalmente inimigas das ciências.” Cria uma dualidade “religião vs. ciência” que só faz sentido nos fundamentalismos religioso e antiteísta/racionalista/cientificista.

Para percebermos a invalidade da mensagem passada pela imagem, basta que olhemos para os livros de História e nos lembremos das tantas civilizações, muitas delas teocráticas até, cujas religiões oficiais em nada atrapalharam os avanços científicos e tecnológicos que esses povos vivenciaram, como os sumérios, babilônicos, egípcios, persas, gregos, romanos, cartagineses, fenícios, indianos, chineses, japoneses, coreanos, árabes, maias, incas, astecas, teotihuacanos, nazcas, chimus…

Até mesmo as civilizações europeias da preconceituosamente chamada “Idade das Trevas” vivenciaram avanços científicos e tecnológicos, nos quais a Igreja Católica, contrariamente à comum crença antirreligiosa, não interferiu tanto assim a ponto de tornar a Europa um continente de civilizações científica e tecnologicamente milenarmente estagnadas. E isso sem falar dos inúmeros povos ameríndios e nativos africanos e da Oceania que não precisaram abandonar suas crenças espirituais para serem exímios possuidores de conhecimentos sobre medicina das ervas e técnicas de montagem de estruturas imóveis e móveis de madeira.

A imagem também descarta da História humana grandes nomes de pessoas que tinham uma religião “mas mesmo assim” foram cientistas revolucionários, como os cristãos Isaac Newton, René Descartes e Gregor Mendel, o multidisciplinar muçulmano Avicena e Maria, a Judia, que viveu no Egito ptolomaico antes da era cristã.

Novamente deve-se reiterar aqui: o que os ateus humanistas e céticos deveriam combater é o fundamentalismo religioso e o fanatismo que dele nasce, e não as dezenas de religiões hoje existentes ao redor do planeta. Tentar combater o lado saudável das religiões está dando à luz um lado nada saudável, por sua vez também fundamentalista, fanático e preconceituoso, no ateísmo antiteísta.

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