A Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB)

A Traduction œcuménique da Bíblia TOB ( Tradução Ecumênica da Bíblia ) é uma tradução ecumênica francesa da Bíblia, feita pela primeira vez em 1975-1976 por católicos e protestantes.

O projeto foi iniciado por dominicanos, e tomou a forma de uma revisão da Bíblia de Jerusalém (Bible de Jérusalem). A TEB é publicado pelas Éditions du Cerf e United Bible Societies e no Brasil pela Editora Loyola.

Ao contrário da Bíblia de Jerusalém, o TOB não recebeu um imprimatur, que é a autorização de um bispo católico para a impressão e difusão de uma tradução da Bíblia. Ela tem a recomendação de D. Luciano Mendes de Almeida, Presidente da CNBB e Arcebispo de Mariana e do bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana no Brasil e Presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs.

A Bíblia — Tradução Ecumênica baseia-se nos textos originais e reproduz fielmente o modelo da mundialmente reconhecida Traduction Occuménique de Ia Bible (TOB — 3a ed.. Paris: Éditions du Cerf; Pierrefitte: Société Biblique Française, 1989). Contém o texto integral do Antigo (ou Primeiro) Testamento, com os livros deuterocanônicos ou apócrifos, e o do Novo Testamento, traduzidos, introduzidos e anotados por ampla equi­pe de estudiosos de diversas confissões cristãs e do judaísmo, representando a harmonia da unida­de e o respeito da diversidade na leitura fiel do livro acolhido como Palavra de Deus.
Recomendamo-la, portanto, aos leitores desejo­sos de aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus consignada na Bíblia. Escritura Sagrada do Judaísmo e do Cristianismo, patrimônio da huma­nidade.

A Edição da Bíblia – Tradução Ecumênica mereceu o louvor das Instituições Ecumênicas de nosso País e a Aprovação da Presidência da CNBB, conforme o Cânon 825 §§ I e 2.

Ela é o modelo das traduções ecumênicas, por causa da composição interconfessional de seus colaboradores e porque ela adapta, inclusive, para o Antigo Testamento, a seqüência judaica dos livros bíblicos. É uma excelente bíblia de estudo, com ricas notas e muitas referências de textos paralelos. Por causa do valor das notas, a editora desistiu de publicar a edição reduzida e oferece atualmente a edição integral.

A “BÍBLIA – TRADUÇÃO ECUMÊNICA” E O « DIÁLOGO CRISTÃO-JUDAICO

No final do ano de 1994 foi publicada pela Ed. Loyola a tradução em língua portuguesa da mundialmente elogiada Bible – Traduction Oecuménique (TOB) pre-parada por um time de proeminentes biblistas de língua francesa, pertencendo às diversas confissões cristãs ou à religião judaica. A edição brasileira (Bíblia – Tradução Ecumênica Sigla TEB) segue a “versão integral” do original francês, segundo a 3” edição (Paris, Cerf, 1989). Contém, portanto, além da tradução integral da Bíblia hebraica (Tanakh), dos apócrifos ou dêuterocanônicos (na terminologia católica) e das Escrituras Cristãs (“Novo Testamento”), o completo aparato de notas da edição francesa integral, provida de ricas introduções, notas, índices e mapas. Embora não nascida de um acordo interconfessional como o
original francês, e sim da coragem de uma editora em lançar um livro denso e erudito em tempos de publicações “light”, atribuímos à tradução brasileira grande significado ecumênico, de modo especial em relação ao judaísmo.
Diversas razões justificam esta opinião. Entre a dúzia de versões da Bíblia completa atualmente vendidas no país, é a única que segue escrupulosamente a Bíblia Hebraica conforme a recente edição crítica do texto “massorético” (em uso na sinagoga desde a Antiguidade) pela Deutsche Bibelge-sellschaft de Stuttgart, sob a direção de K. Elliger e W. Rudolph. Isto, a diferença de muitas traduções, inclusive a prestigiosa Bíblia de Jerusalém, que em caso de dificuldades no texto massorético recorrem a leituras mais fáceis encontradas nas antigas traduções para o grego e o siríaco, produzindo um texto híbrido. A TOB/TEB chega a deixar certas expressões sem tradução, antes que recorrer a tal ecletismo.
Outra razão para ver nesta publicação – tanto no original francês como na versão em língua portuguesa – um grande passo a frente para o ecumenismo cristão-judaico é o respeito pela sensibilidade judaica na tradução. Em primeiro lugar, a tradução do tetragrama YHWH por “o Senhor”, o equivalente de Adonai, sem transformar o Nome num nome próprio pronunciado, como faz a Bíblia de Jerusalém, ou sem a artificial tradução “O Eterno” adotada pela Bíblia na Linguagem de Hoje – pois se Adonai é indubitavelmente eterno, ele é sobretudo histórico!

O mesmo respeito pelo caráter hebraico reflete-se na tentativa bastante corajosa de escrever os nomes próprios de maneira hebraizante, transcrevendo inclusive as letras heth e o tsade com ponto debaixo da letra. É verdade que os nomes próprios mais conhecidos, como no original francês, são conservados na forma latinizante corriqueira no Ocidente neolatino, mas a versão brasileira, ultrapassando a edição francesa neste ponto, inclui na Introdução uma lista de equivalências trazendo a forma hebraizante dos nomes conservados em forma latinizada.
A busca de termos semanticamente exatos, adequados ao colorido da terra bíblica, é outra prova de respeito pela Bíblia hebraica, mesmo a custa da inculturação
brasileira – por exemplo, quando os simpáticos animaizinhos do Salmo 104,18, inexistentes no Brasil, são chamados com o nome certo de “híraces” e não de arganazes, coelhos ou marmotas…
O “senso semítico” se mostra também, muitas vezes, em detalhes quase imperceptíveis da tradução, como, por exemplo, a tradução de shabat por cessar (o trabalho) em vez de repousar, e sobretudo, de érets por terra em vez de país, etc.  Na mesma linha observa-se, em comparação com outras traduções, a quase-ausência do termo raça, sendo substituído por etnia, linhagem etc., conforme o sentido exigido pelo contexto.
Por outro lado, os tradutores não cederam à tentação do “politiciamente correto”, como fazem aqueles que no polêmico evangelho de João substituem o termo
“judeus” por “autoridades (judaicas)”. Pois, se é provável que não foi o povo de Israel, mas no máximo alguns chefes judaicos que fizeram um acordo com os romanos para eliminar Jesus, o evangelista João, polemizando acerbamente com o judaísmo renovado dos rabinos de Javne, não faz esta distinção no seu escrito, e não se deve exigir dos tradutores que corrijam 0 evangelista! Melhor deixar o leitor perceber que João – por sinal um dos hagiógrafos cristãos que mais citam ou evocam as antigas Escrituras – usa um vocabulário condicionado por uma polêmica historicamente situada, quase uma “briga de irmãos”, que só ensejará atitudes antijudaicas em pessoas sem senso histórico. Ora, a TOB/TEB certamente não se destina a tais leitores… Não é uma Bíblia que facilite a leitura superficial a ponto de esconder os problemas de fundo, e por isso os editores merecem todo louvor. `
Um grande passo na aproximação entre os dois ramos da tradição bíblica – O judaísmo e o cristianismo – é a organização dos escritos. A primeira parte da Bí-blia reproduz sem modificação a ordem dos livros segundo a Tanakh: Lei, Profetas anteriores e posteriores, Escritos. Mesmo a  surpreendente ordem Esdras-Nehe- mias-Crônicas é conservada. Seguem depois os escritos intertestamentários, normalmente chamados apócrifos ou deuterocanônicos, que na antiga tradução grega dos judeus de Alexandria (a Septuaginta) e posteriormente nas bíblias cristãs se encontram integrados na classificação tripartita de livros his- tóricos, livros proféticos e livros sapienciais. A TOB/TEB é a primeira biblia cristã (com “abertura ao judaismo”, é verdade) a adotar a ordem da Tanakh. Isso não é apenas um detalhe externo. É uma chave de interpretação. Pois faz muita diferença se o leitor percebe que a Torá ocupa outra posição que as Crônicas, ou encontra justapostas na mesma categoria as histórias de Moisés e as dos Macabeus! Também no tratamento dos escritos intertestamentários transparece o radical respeito pelas origens judaicas desses escritos, corno se poderá perceber na leitura da introdução a Baruc e à Epístola de Jeremias (que nas outras Bíblias cristãs se encontra integrada no livro de Baruc).-
Quanto às introduções e as notas, percebe-se claramente que o ecumenismo da TOB/TEB não é uma “homogeneização” (que geralmente é uma esterilização). Os comentadores dos diversos escritos falam francamente a voz de suas respectivas confissões. O sóbrio comentador dos Salmos, com suas frequentes referências a Qimbi, Ibn Ezra e Rashi não é o mesmo que o luteraníssimo introdutor da Epístola aos Romanos ou o bem católico exegeta do evangelho de João. Precisamente esta diferença traz à luz a rica potencialidade do texto bíblico e a pluralidade que a tradição bíblica pode abrigar. É uma prova viva de que o judaísmo e o cristianismo têm raízes comuns, e assim como o cristianismo perderia muito se não descobrisse suas raízes no Primeiro Testamento nunca ab-rogado (cf. Gálatas 3,17), o judaísmo perderia se não reconhecesse o sentido de universalidade da eleição e do Reino, que o cristianismo vê desabrochar definitivamente em Jesus de Nazaré, mas que também a comunidade judaica pode considerar legado seu. O mútuo reconhecimento de duas maneiras de entender o legado da Aliança, sem cair no relativismo, levará ambos os herdeiros a admirar mais ainda O tesouro que lhes foi confiado.
Terminando estas considerações, quero agradecer os amigos da Fraternidade Cristã-Judaica que me orientaram quando assumi o trabalho de supervisão, e homenagear de modo especial o saudoso írmão Walter Rehfeld, que me ajudou na elaboração do onomástico hebraizado.

O Manual Bíblia das questões difíceis e polêmicas da Bíblia é um manual que contém mais de 250 perguntas Bíblicas respondidas de forma simples e descomplicada, a fim de ajudar todos aqueles que amam estudar a Palavra de Deus a extrair dela as principais respostas que ela tem a nos dar. São mais de 500 páginas de conteúdo


Prof. Johan Konings, supervisor científico da edição em língua portuguesa, respondendo a uma solicitação da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico/Judaico, CNBB.

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