5 falácias ateístas

about_news1Na apologia, entramos em contato com muitos e muitos escritos de ateus. A partir dos artigos, livros e debates que eu li, tenho notado cinco principais (embora haja mais) tipos de falácias que os ateus comumente utilizam.

1) A falácia genética. A falácia genética é o lapso na lógica em que se procura desacreditar algum sistema de crença ou sistema de crença por apontar que as suas origens são suspeitas. Ateístas empregam esta falácia contra a religião tanto como um fenômeno geral e particular. Como em geral,  muitas vezes procuram dar conta de como a religião historicamente se desenvolveu. Se são evolucionistas radicais, podem inventar uma história sobre como nós evoluímos o instinto religioso, porque era útil para a sobrevivência. Caso contrário, eles podem dizer que a religião foi inventada para explicar o mundo (como acontece com o politeísmo grego), e essas explicações tornaram-se menos importantes, pois a ciência descobriu a verdade mais e mais sobre como o mundo funciona. Mas o que a falácia genética diz é que você não pode, logicamente, desacreditar em uma crença por desacreditar suas origens. Assim, mesmo que a religião fosse inventada para explicar ao mundo ou o instinto religioso fosse implantado em nós pela evolução, isso não nos diz nada sobre se o teísmo ou uma determinada religião é verdadeira.

Em um nível pessoal, os ateus muitas vezes apontam que, por exemplo, alguém é apenas um cristão porque um nasceu em uma sociedade ou família cristã. Ignorando o fato de que nunca poderia realmente saber (os contrafactuais são notoriamente difíceis de provar), esta afirmação também comete a falácia genética. Mesmo que a origem de nossa crença fosse geográfica e familiar, isso não nos diz nada se a crença é verdadeira ou falsa.

2) Uso de jargões. Mesmo nas obras ateístas “mais sofisticadas”, há uma tendência básica de substituir discussão com xingamentos. Portanto, a fé é “irracional” e “antiquada”; a crença religiosa é “mitologia” ou “contos de fadas”, etc. Raramente dão definições a essas palavras (provavelmente porque, por definição, por exemplo, crenças religiosas e contos de fadas não podem ser equiparados) e mais raro ainda explicam por que esses termos diferentes são sinônimos para eles. Em vez disso, as palavras são jogadas descuidadamente de modo a denegrir (ridicularizar) as associações que se tem com a religião e fé. Se você chamar a fé de irracional muitas vezes as pessoas começam a associar um termo com os outro, mesmo na ausência de qualquer boa razão para isso.

3) Invocação da ciência. Como (2), esta tática realmente não tem fundamento racional, mas não é menos popular. Os ateístas fazem diferentes afirmações sobre ciência, mas todas elas têm uma qualidade semimágica para eles, como se meramente invocar a ciência confirmasse e desse respaldo para qualquer alegação deles. Algumas alegações são: “Eu não acredito em Deus, porque a ciência/evolução o refutou” (o que é um absurdo), ou “a ciência pode explicar tudo” (o que é uma afirmação filosófica, não científica), ou agora que nós temos a ciência, não precisamos de mais religião”, ou “não há nenhuma evidência científica da existência de Deus, por isso ele não existe”. Todos esses tipos de alegações esquecen que a ciência é uma disciplina acadêmica em particular entre muitas outras, e uma forma particular de adquirir conhecimento sobre o mundo. Mas não é a única disciplina ou o único meio de verificarmos o conhecimento real de tudo. Além disso, é realizada por seres humanos falíveis, assim como qualquer outra disciplina e, portanto, tão passível de erro quanto. As pessoas parecem pensar que, ao fazer a “ciência” impessoal e abstrata, de alguma forma, faz com que seja infalível. Mas a ciência não mostra nada, isso é apenas uma metáfora ruim. Cientistas particulares conduzem experimentos dos quais deduzem certas leis ou explicações gerais. Não há nenhuma razão por que devemos priorizar essa forma de conhecimento sobre qualquer outra, não menos que usar a palavra “ciência” como se fosse algum árbitro infalível que pudesse resolver todos os nossos conflitos.

4) Absolutismo secundário da causalidade. A narrativa popular histórica entre ateus, como mencionado acima, é que os seres humanos inventaram a religião para explicar o mundo e a ciência (sendo baseada na verdade e na razão, ao contrário de religião) gradualmente assumiu esse papel explicativo. Implícita nessa narrativa está a ideia de que uma vez que temos explicado a causa natural de algo, eliminamos a necessidade de Deus como uma hipótese explicativa. Isso, do ponto de vista cristão, é um completo disparate. Cristãos e teístas em geral, sempre reconheceram que Deus atua através de meios naturais e materiais, mais do que ele faz as coisas de maneira sobrenatural ou milagrosa. Eles ainda têm uma frase para isso: causalidade secundária. Algo é uma causa secundária quando é uma coisa natural ou material que explica algum fenômeno natural. Algumas ações, como milagres, não têm qualquer causa. São feitos diretamente por Deus. Mas os atos mais divinos fazem uso de uma causa secundária, seja uma lei da natureza, ou o que for. Assim, mesmo quando podemos identificar a causa natural de alguma coisa, isso não mostra que Deus não é a causa principal por trás dele. Na verdade, há uma série de bons argumentos para mostrar que a causalidade secundária só é inteligível à luz da primeira causa divina.

5) A falácia do ofício inatingível. Nós do Logos demos este nome para esta falácia, porque percebemos que essa falácia muito comum ateísta não tinha nome. Esta falácia refere-se às afirmações feitas por ateus que Deus não existe porque, se ele existisse, teria feito as coisas de forma diferente. Então, Dawkins afirma que Deus não pode existir, porque se o fizesse, ele teria feito menos espécies. Goldstein diz que Deus não pode existir, porque se existisse, haveria menos sofrimento no mundo. O problema com todas estas alegações é que assumem, basicamente, que se Deus existisse, ele iria criar o mundo exatamente como os ateus criariam o mundo se fossem Deus. Claro, não há nenhuma boa razão lógica para pensar isso. Nós a chamamos de falácia do ofício inatingível porque o ofício de Deus é inatingível para os humanos e, portanto, é falacioso desacreditar nele porque não concordamos com a maneira como ele exerce esse cargo.

Fonte: http://blog.dartmouthapologia.org/show/364
Tradução: Carl Spitzweg

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.